O Spotify anunciou nesta terça-feira uma mudança significativa em sua liderança. Daniel Ek, fundador e CEO da gigante sueca de streaming, deixará o cargo em janeiro para se tornar Presidente Executivo do Conselho. Em seu lugar, a empresa nomeou os executivos de longa data Gustav Söderström e Alex Norström como co-CEOs. A notícia gerou uma reação imediata no mercado, com as ações da companhia caindo cerca de 3,4% nas negociações de pré-abertura.
Essa transição de liderança ocorre em um momento crucial para o Spotify, que vem expandindo suas operações para podcasts e audiolivros, enquanto investidores questionam como a empresa equilibrará crescimento e lucratividade. Atualmente, o Spotify é o maior serviço de streaming de música do mundo, com mais de 600 milhões de usuários ativos mensais em 180 países. A empresa, fundada em 2006, alcançou seu primeiro lucro anual em 2024, resultado de uma estratégia que combinou aumento de preços e um rigoroso corte de custos.
Foco na Estratégia de Longo Prazo
A partir de 1º de janeiro, Daniel Ek, que faz parte do conselho desde 2008, assumirá um papel de presidente ao estilo europeu. Sua nova função será focada em alocação de capital e na estratégia de longo prazo da plataforma. Ek é um dos empreendedores de tecnologia mais proeminentes da Europa, frequentemente citado como um exemplo da capacidade do continente de criar empresas de tecnologia capazes de competir com as gigantes dos Estados Unidos e da Ásia.
“A empresa Spotify já é lucrativa há mais de um ano, e acredito que isso mostra que a companhia está em uma ótima posição”, afirmou Ek. “Ainda estarei envolvido na trajetória de longo prazo do Spotify, nas grandes decisões estratégicas e nos momentos importantes da empresa, ajudando a aconselhar e guiar Gustav e Alex nessa jornada”, completou.
A Nova Liderança e a Estrutura de Co-CEOs
Os novos co-CEOs já ocupavam posições de destaque. Gustav Söderström, atual diretor de produto e tecnologia, é responsável pela estratégia global de tecnologia e desenvolvimento de produtos. Já Alex Norström, como diretor de negócios, gerencia as áreas de assinantes e publicidade, além das operações de música, podcasts e audiolivros. Ambos passarão a integrar o conselho, sujeitos à aprovação dos acionistas, e se reportarão diretamente a Ek. A adoção de um modelo com dois CEOs não é inédita e já foi implementada por outras grandes empresas, como Oracle e Netflix, para gerenciar operações cada vez mais complexas e globais.
A Concorrência se Intensifica: YouTube Entra na Disputa dos DJs de IA
Enquanto o Spotify reorganiza sua cúpula, a concorrência no mercado de streaming de áudio se acirra. O YouTube Music está lançando um novo recurso experimental, um DJ de inteligência artificial, com o objetivo claro de rivalizar com a popular função do Spotify. Disponível por enquanto para um número limitado de assinantes do YouTube Premium nos Estados Unidos através do programa YouTube Labs, a ferramenta promete aprofundar a experiência auditiva dos usuários.
Esses “apresentadores virtuais” são projetados para adicionar comentários, curiosidades e histórias de bastidores enquanto o ouvinte navega por suas playlists, mixes e rádios. A ideia, segundo o YouTube, é “enriquecer a experiência musical compartilhando histórias relevantes, curiosidades de fãs e comentários divertidos sobre suas músicas favoritas”, imitando a interação de um DJ de rádio entre as faixas.
Como Funcionam os DJs Virtuais
Para ativar a função no YouTube Music, os usuários verão um novo botão de “brilho” próximo aos botões de curtir/não curtir. Uma vez habilitado, o comentário da IA se torna parte da experiência, embora seja possível pausá-lo por uma hora ou um dia.
A abordagem do YouTube, no entanto, difere da do Spotify. O DJ com IA do Spotify, ativo desde 2023, baseia-se fortemente na personalização, utilizando o histórico do ouvinte para criar uma jornada musical contínua, fornecendo fatos e curiosidades sobre as músicas. Ele também suporta comandos de voz interativos em inglês e espanhol para selecionar humores, gêneros ou atividades. Diferentemente disso, os apresentadores de IA do YouTube não montam playlists, mas apenas inserem contexto entre as faixas já existentes. A expansão do recurso do YouTube para outros mercados dependerá do feedback positivo dos primeiros usuários.